terça-feira, 5 de outubro de 2010

LÁGRIMA DE ESPERANÇA

Continuando a apresentar os belos trabalhos do Padre Marcionei da Silva inscritos no concurso nacional A Cor da Juventude. Ouça a música Herdeiros do Amor clicando aqui e o poema Latino-americanos aqui



Minhas mãos estão abertas, meus olhos universais

Meus pés calejados, meus ouvidos musicais.

Meus lábios silenciam, meu coração faz uma prece

Meus sentimentos se agigantam e meu mundo se descortina.



Não basta mão aberta, é preciso entrelaçar, segurar;

Não bastam pés calejados, é preciso dar sentido à estrada;

Não bastam ouvidos musicais, é tempo de profecia.

Chega de silêncio, já calamos demais, a prece quer praça.



Em cada rosto tombado uma lágrima de esperança recorda o dom da vida;

Em cada mãe desesperada pela vida que lhe foi roubada pulsa o grito de uma geração;

Em cada pai desconsolado pelo filho que lhe foi tirado pelo mundo sem alma,

Ainda sobra um suspiro de ternura e uma página de orgulho na vida que ousa sonhar.



A liberdade dos versos me faz pensar na liberdade da vida.

Em cada jovem ceifado um mundo é tombado e uma história interrompida.

Acreditamos na eternidade, mas não dispensamos a marcha de nossa história;

Acreditamos no Reino de Deus, mas não dispensamos o abraço das gerações.



Juventude exterminada é sociedade corrompida, esmagada, dolorida;

É mundo sem alma, sem sonho, sem utopia e sem teimosia;

É dor sem medida, sofrimento sem descanso, lágrima sem consolo,

Vida sem aplauso, crescimento sem razão, progresso sem alegria.



Dói, dói muito o extermínio. Onde estás, oh meu querido jovem?

Onde estás? Porque, meu Deus, não ouço mais a voz dos heróis de nosso tempo?

As escolas, as grandes indústrias, a ciência, a tecnologia, as universidades e a natureza,

Tudo, tudo isso é pra ti, meu caro jovem. Mas onde tu estás? Por que te deixaram partir? Porque ti fizeram partir? Meu grito é de solidão, meu choro é de saudade e de transformação.



O jovem precisa de voz e não de bala que lhe roube a vida;

Precisa de paz e não de armas que lhe tire a liberdade.

Precisa de sonho e não de drogas que lhe embota a inteligência;

Precisa de família, de livros e educação e não de solidão do ser.



Nas camisetas as frases gritam palavras de ordem;

Nos olhos o brilho fala de proféticas companhias;

Mas é nas mãos espalmadas com as marcas do martírio

Que se escreve um novo capítulo com o extermínio do Extermínio.



No verso que ainda nos sobra o canto é pra que todos tenham vida (...)

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